Maya Angelou, no livro Eu sei por que o pássaro canta na gaiola, escreve que “não há agonia maior do que carregar uma história não contada dentro de você”. Isto, porque contar uma história não significa apenas narrá-la, mas, principalmente, ter sua autoria.

Enquanto vivemos nossas histórias sem nos relacionarmos com elas, vivemos apenas sob a perspectiva do sujeito, do assujeitado, aquele vinculado ao passado, às histórias pregressas. Estas sendo boas ou ruins, quando não contadas, seguem nos deixando no lugar de seres determinados por tais e tais experiências. No entanto, no ato de narrar instigado pela clínica analítica, há um convite para que essas histórias passadas sejam revisitadas, o que, geralmente, leva a ressignificações.

Particularmente, entendo que esta é a arte de uma clínica criativa! O passado só tem importância quando visitado pelo nosso futuro, o tempo interessado em nos ver diferentes, vivendo novidades.

Muitas vezes, na clínica, ouço pessoas preocupadas em “repetir” determinada história; mas isso nunca é real. Quando contamos e recontamos alguma história, sempre fazemos de forma diferente e, portanto, nova. A cada novo ato de narrar, encontramos perspectivas e aspectos que nos levam a diferentes imagens e afetos, os grandes agentes psíquicos de transformação.

Por isso, o propósito da clínica é este: buscar diferentes formas de linguagem para que você, em posse dessa(s) ferramenta(s), consiga se expressar, porque, ao contar sobre si, você conseguirá encontrar sentido naquilo que viveu, vive, viverá. A clínica que trabalha em parceria com sua criatividade é a clínica que quer que você se expresse, porque sabe que, assim, você terá autoria sobre sua história.